Na busca incessante por inovação, retorno financeiro e crescimento no mercado, muitas vezes, as empresas esquecem que têm, a sua disposição, dezenas ou até centenas de colaboradores. Estes, podem ter ideias inéditas e surpreendentes. E o intraempreendedorismo trata-se disso. Aproveitar (e incentivar, claro) os talentos da própria organização. A fim de encontrar oportunidades de inovar.
Intraempreendedorismo é o ato de empreender dentro dos limites de uma organização já existente. E há muitos campos para isso. Seja atuando em melhorias de processos internos, desenvolvendo produtos inéditos, elaborando novas soluções ou até criando iniciativas de negócio.
O ponto central do intraempreendedorismo é estimular os colaboradores a pensarem e agirem como empreendedores internos, valorizando o olhar individual e as ideias que surgem no ambiente interno da empresa.
Para facilitar a compreensão, vamos imaginar duas situações similares, mas que têm dois desfechos diferentes. E estes, são cruciais para elucidar a diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo.
Imagine um colaborador que atua na área de marketing da empresa de comunicação estratégica “A”. No dia a dia, ele percebe que as ferramentas utilizadas pela equipe são pouco intuitivas e muito complexas, o que gera atrasos nas entregas e menor entrosamento entre os pares.
Com a informação, ele pede demissão da empresa “A” e abre sua própria empresa de comunicação estratégica, a “B”. Então, ele moderniza e agiliza as ferramentas, a fim de solucionar a principal demanda que percebeu na empresa “A”, se aproveitando da dificuldade encontrada como diferencial competitivo.
Agora, imagine a mesma situação, cujo um colaborador encontrou uma demanda a ser investigada e solucionada na empresa de comunicação estratégica “A”. Em vez de deixar a organização, a fim de criar sua própria empresa, a “B”, ele toma outro caminho.
Com a informação obtida, o colaborador conversa com seu gestor e, ao seu lado, juntamente ao auxílio de toda a equipe, ele desenvolve um projeto para modernizar e agilizar as ferramentas utilizadas pelo time. Então, os atrasos e a falta entrosamento entre os pares são solucionados.
Assim, a empresa em que o colaborador trabalha conseguiu inovar e ele foi o ponto fundamental para isso. Tanto a organização, quanto ele, têm bons resultados com essa parceria.
As bases do empreendedorismo e do intraempreendedorismo são as mesmas: a observação de riscos e oportunidades, além do desenvolvimento de soluções.
A grande diferença é o que o colaborador decide fazer com sua visão: usar para si mesmo ou colocar a serviço da organização em que trabalha. Nenhum caminho é errado, mas o segundo caso apresenta um ganho duplo, tanto para a empresa, quanto para o colaborador.
Daniel H. Pink, escritor estadunidense que trata de temas como trabalho, gestão e ciência comportamental, propõe um novo modelo motivacional para o trabalho, em seu livro “Drive – The Surprising Truth About What Motivates Us”, de 2009.
O modelo de Pink tem como objetivo que as pessoas se tornem intrinsecamente motivadas, o que, de acordo com o autor, se encaixa melhor nos moldes das organizações atuais, que são mais criativas e inovadoras.
Pink chama o comportamento que estudou de “Tipo I”. Ele contrasta com o modelo tradicional de motivação extrínseca, ou comportamento “Tipo X”, que se concentra em motivar as pessoas por meio de recompensas e punições.
Então, segundo Pink, para construir uma equipe intrinsecamente motivada, você precisa focar em três fatores principais:
Esses três pilares são essenciais para o intraempreendedorismo. Porque ele não é um conceito a ser desenvolvido isoladamente dentro de uma empresa. Para que ele aconteça, é necessário que toda a cultura organizacional e toda a equipe estejam alinhadas.
O intraempreendedorismo precisa de um ambiente que preze pelo crescimento mútuo, tanto da empresa, quanto dos colaboradores. Além disso, é essencial ter recursos, uma combinação de autonomia com entrosamento de equipe, e, é claro, motivação.
A cultura organizacional é muito mais do que uma questão burocrática na gestão de uma empresa. Ela é fundamental para a performance do negócio. Clareza, empoderamento e flexibilidade na estrutura de uma empresa são características interessantes no desenho organizacional, que é aquele que vai ditar o funcionamento, além de ser a base da empresa.
Colocar o intraempreendedorismo em prática não é só dar espaço para os colaboradores criarem, mas é sobre toda a cultura organizacional de uma empresa. Ou seja, se a empresa valoriza os seus colaboradores; se ela cria espaço para que eles tenham autonomia e se desenvolvam; se ela cria ferramentas e aplica metodologias visando a inovação; se ela se preocupa com o engajamento de toda a equipe, entre outros.
Intraempreendedorismo não funciona, de forma eficiente, sem uma cultura organizacional definida, forte e aplicada.
Além dos três pilares “Autonomy, Mastery and Purpose”, aliados à cultura organizacional, existem outros fatores importantes para estimular o intraempreendedorismo dentro de uma empresa ou de uma equipe. Destacamos quatro:
Existem dois tipos principais de intraempreendedorismo que são aplicados nas empresas. Confira quais são eles:
Nesse caso, o intraempreendedorismo está ligado à principal atividade da empresa. Ou seja, se a empresa fabrica calçados, a criação do intraempreendedor estará diretamente relacionada à fabricação de calçados. Além disso, sua ideia agregará valor para a organização, gerando inovação e crescimento.
Já aqui, as ideias e os projetos criados fogem totalmente daquilo que a empresa é originalmente conhecida. O termo “spin-off”, que geralmente é associado ao entretenimento, refere-se a propriedades intelectuais que não necessariamente estão ligadas à linha principal. No intraempreendedorismo, a ideia é similar.
A forma como novos negócios podem surgir nesse processo varia. Em alguns casos, a empresa consegue pivotar recursos para outros projetos e, já em outros, a própria pesquisa e o know-how adquiridos na criação são usados como base para desenvolver um novo projeto intraempreendedor.
Aqui, toda ideia está ligada diretamente àquilo que a empresa já desempenha. Dessa forma, a força dessas marcas se torna o resultado de um intraempreendedorismo que enxergou e resolveu as necessidades de seus clientes.
Como já dito, incentivar o intraempreendedorismo dentro das organizações traz ganhos para os colaboradores e para a empresa.
Os colaboradores aumentam seu nível de satisfação com a empresa, alcançando maior participação ativa, conquistando bonificações e até conseguindo melhores posições dentro do time.
Já para a empresa, o intraempreendedorismo proporciona maior inovação e mais engajamento dos colaboradores. E este fator incentiva ainda mais a produção, a criação e o desenvolvimento de habilidades.
Quando médias empresas aliam suas culturas organizacionais ao intraempreendedorismo, podemos observar bons resultados. Destacamos alguns deles:
A Google se destaca quando o assunto é intraempreendedorismo por valor agregado. Isso porque, como prática interna, a empresa estipula que seus funcionários dediquem 20% de sua carga horária para projetos pessoais.
E foi assim que Paul Buchheit, colaborador da Google, criou o Gmail. Inicialmente, ele foi usado apenas pelos colaboradores, de forma interna, mas foi crescendo e hoje é praticamente indispensável se ter uma conta Gmail.
O Playstation é um ótimo exemplo de intraempreendedorismo de “spin-off”.
A Sony, conhecida anteriormente por aparelhos de som e seu walkman, era totalmente contra a entrada no mercado de jogos.
Por isso, Ken Kutaragi, colaborador da Sony, resolveu trabalhar, por conta própria, em um chip de som para o que viria a ser o videogame 16-bits da Nintendo. Um outro colaborador, com uma posição sênior, gostou muito do projeto e resolveu dar uma chance para Kutaragi.
Então, sua criação evoluiu bastante e, hoje, é considerado um dos primórdios da marca Playstation.
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