É muito provável que você já tenha ouvido o termo ESG (do inglês Environmental, Social and Governance). E é também provável que você ainda tenha muitas dúvidas a respeito, apesar de ser um dos conceitos mais debatidos atualmente no meio empresarial. Se esse é o seu caso, a boa notícia é que você não está sozinho: empresas, investidores e sociedade ainda precisam aprender muito sobre o tema para implementar práticas ESG de maneira efetiva.
Nos últimos anos, observa-se que as organizações que se preocupam com o meio-ambiente, questões sociais e governança, tem conseguido superar momentos turbulentos com maior facilidade. Consequentemente, tornam-se mais valiosas e perenes, oferecendo retornos maiores aos investidores e com menos risco.
Você já parou para pensar o que torna as marcas tão atrativas a ponto do consumidor se tornar um defensor? Além de um produto ou serviço de qualidade, as pessoas estão atentas à responsabilidade social nas empresas. Isso é resultado de um movimento no formato de consumo, que tornou os compradores mais exigentes com o posicionamento das organizações.
Mas, será que as empresas estão cientes disso e empenhadas em demonstrar a sua responsabilidade social?
Neste artigo traremos uma abordagem conceitual, explicando todos os pontos que envolvem a responsabilidade social nas empresas e como aplicá-la de forma estratégica.
Aqui você verá:
· O que é responsabilidade social;
· Tipos de responsabilidade social;
· Quais as responsabilidades sociais de uma empresa;
· Por que devemos ser sustentáveis;
· Alguns exemplos de ações sustentáveis;
· Indo além: definindo a estratégia da sustentabilidade.
Prepare um bloco de anotações e registre tudo o que fizer sentido para o seu negócio.
Boa leitura!
A responsabilidade social é um conceito baseado num conjunto de ações adotado por uma organização com objetivo de estabelecer relações éticas e positivas para o bem-estar do seu público interno e externo. As demandas por uma sociedade e meio ambiente mais equilibrados são muitas, especialmente em um cenário complexo e com exigências variadas. É dessa maneira que surgiram três tipos de responsabilidade social:
· Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
· Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
· Responsabilidade Social Ambiental (RSA)
Responsabilidade Social Corporativa (RSC): a RSC representa o compromisso contínuo da empresa com seu comportamento ético e com o desenvolvimento econômico. Engloba comportamentos positivos com objetivo de impactar a vida dos colaboradores, suas famílias e a comunidade no entorno da empresa. Esse tipo de responsabilidade social se propõe a criar estratégias diretamente relacionadas ao posicionamento do negócio frente às necessidades de seu público.
Responsabilidade Social Empresarial (RSE): o propósito da responsabilidade social empresarial é bastante semelhante ao da RSC, mas aqui ela incorpora muito além do corpo colaborativo, abrangendo todas as partes interessadas na sustentabilidade do negócio, incluindo a preservação do meio ambiente, redução de desigualdades, direitos humanos e respeito à diversidade. A empresa atua como um agente de transformação em temas variados, de acordo com o impacto que deseja gerar.
Responsabilidade Social Ambiental (RSA): a responsabilidade social ambiental se propõe a cumprir metas que assegurem o equilíbrio e a sustentabilidade do meio ambiente, indo além das obrigações legais. Gera reflexos importantes para a qualidade de vida das pessoas, mas sobretudo contribui para a conservação das fontes naturais e o uso consciente das propriedades ambientais.
Pensar que a responsabilidade social refletirá diretamente sobre os lucros e sustentabilidade do negócio já seria um bom motivo para se preocupar com responsabilidade social nas empresas, mas há que se destacar outras motivações. Para Hugo Bethlem, presidente do Conselho do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, o antigo modelo ensinado nas escolas de administração, que pregava como única responsabilidade o lucro do acionista, gerou uma espécie de burnoutnas pessoas e está acabando com o meio ambiente por conta da competição infinita e acumulação sem limite: “Não devemos querer ser a maior ou melhor organização do mundo, que usa as pessoas e consome os recursos naturais, e sim a melhor organização para o mundo, que serve as pessoas e preserva o meio ambiente. Tudo está na mão dos líderes, dos administradores, que precisam pensar no propósito em primeiro lugar, liderar com amor e agir com integridade”.
A responsabilidade social nas empresas se manifesta de diversas formas, demonstrando que seu comprometimento com a sociedade vai além da comercialização de seus produtos e serviços.
A Disney Conservation Fund, divisão da Disney para o meio ambiente, divulgou que já doou em torno de 86 milhões de dólares para recuperar a natureza ao redor do mundo. Um dos exemplos de projetos apoiados é a TREE Foundation que, com a ajuda da Disney, já treinou 85 mil pescadores e moradores de comunidades para adotar práticas de pesca mais sustentáveis e em práticas de conservação da vida de tartarugas marinhas. No Brasil, apoia o Instituto IPÊ nas pesquisas para salvar o mico-leão-preto. O mesmo instituto é apoiado pela Havaianas, Danone, Brahma, Faber Castell e Tribanco.
Na Ambev, a base da sustentabilidade está em quatro pilares, que contêm consumo consciente, desenvolvimento, redução de consumo de água e resíduo zero. O slogan da divisão é “Juntos por um mundo melhor”. Por meio da Fundação Lemman, a Ambev apoia projetos de educação, fomentando o empreendedorismo e a liderança. Destes, destacam-se a Fundação Estudar e o Projeto Gerando Falcões.
Indo além: definindo sua estratégia da sustentabilidade
Antes de iniciar, é oportuno mencionar que muitos membros do Conselho e da Alta Administração frequentemente falham em estabelecer ligações entre a companhia e o ambiente que a cerca. Essa dificuldade se dá por diferenças de valores, objetivos e pontos de vista entre os executivos e a comunidade, consumidores, jornalistas, legisladores, ativistas e demais agentes envolvidos. Essas diferenças devem ser endereçadas antes que qualquer avanço seja feito.
Assim como para a estratégia convencional, não há uma solução padrão para a estratégia da sustentabilidade. A melhor solução depende das ambições e riscos de cada companhia, que devem ser avaliados e priorizados tempestivamente. No entanto, existem algumas boas práticas para os gestores aprimorarem seus programas de responsabilidade social:
Alinhar estratégia e sustentabilidade: a alta administração deve se certificar que a estratégia corporativa da companhia e os esforços para sustentabilidade estejam alinhados. É comum encontrar divergências, o que naturalmente torna os esforços frágeis, sem comprometimento e senso de prioridade.
Compliance primeiro, vantagem competitiva depois: inicialmente, as companhias devem resolver as questões relacionadas a compliance, que se referem a regulamentações que vão desde gestão de resíduos e eficiência energética até direitos humanos e redução de desigualdades, antes de pensar em usar a responsabilidade social como vantagem competitiva. Um estudo recente conduzido pelo MIT em parceria com a consultoria BCG mostra que cada vez mais investidores desistem de empreendimentos com riscos de compliance, e que mais de 40% deles diminuem seus investimentos em companhias com baixo desempenho em sustentabilidade.
Do reativo ao proativo:muitas companhias referência em sustentabilidade, como Nike, Coca-Cola, IKEA e Nestlé se desenvolveram em função de uma crise. A Nike, por exemplo, enfrentou boicotes e rejeição no passado por práticas de trabalho abusivas, mas reverteu a situação. Em 2005, ela se tornou pioneira em transparência ao publicar um relatório de 108 páginas apresentando as condições de trabalho e salários em todas as suas fábricas. Ao reconhecer o impacto de uma crise de responsabilidade social, as companhias adotaram estratégias mais proativas.
Transparência: aqui temos uma condição sine qua non para a implementação de práticas sustentáveis. A única forma de se obter transparência é através da comunicação aberta com todas as partes envolvidas, com altos padrões de clareza e confiança, bem como abertura para reconhecer falhas e melhorar os processos.
Engajamento: um programa de responsabilidade social somente será efetivo com o engajamento dos executivos e dos agentes externos, que podem também envolver ONGs e organizações internacionais. Um bom exemplo é a Nespresso, que em resposta ao debate sobre a sustentabilidade de suas cápsulas, incorporou a sustentabilidade em seu DNA e em todas as partes de sua cadeia de valor, inclusive sobre seus fornecedores de alumínio.
Por fim, o desafio da responsabilidade social deve ser encarado como algo além das empresas: é coletivo, impacta também os consumidores, a sociedade e o planeta. A sustentabilidade não está legitimada apenas na sociedade civil, ela também se tornou um tema vital entre membros de conselho e executivos C-Level do mundo inteiro.
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Referências:
Rosemberg, M.: Strategy and Sustainability – a hard-nosed and clear-eyed approach to environmental sustainability for business (Palgrave Macmillian 2015)
The Boston Consulting Group: The business of sustainability – imperatives, advantages and actions (sept. 2019 report)
https://www.nespresso.com/agit/
https://www.imd.org/research-knowledge/articles/why-all-businesses-should-embrace-sustainability/
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