A metodologia ágil surgiu no contexto do desenvolvimento de software e se expandiu para o contexto dos negócios. Mas por que isso acontece?
Vivemos em um ambiente de negócios em constante transformação, chamado por alguns de VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), e mais recentemente, chamado de BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível).
Um dos traços fundamentais desse tipo de ambiente é a evolução em um ritmo acelerado. Isso se difere bastante do mercado mais estático de antes, no qual a eficiência era o principal diferencial competitivo das companhias, trazendo com ela uma busca por padronização, redução de variabilidade, processos mais estruturados, desenho de organização piramidal e mecanismos de projeto para responder às mudanças.
Atualmente, o mercado muda em outra velocidade, e somente a eficiência não garante a competitividade nem o crescimento das empresas. Hoje, é preciso ter outros mecanismos de funcionamento para que as companhias consigam responder às transformações de comportamentos, necessidades e expectativas dos clientes.
Por isso, os negócios com maior probabilidade de sucesso são aqueles que aprendem rapidamente, e oferecem produtos e serviços totalmente centrados no cliente. Nesse contexto, as abordagens ágeis se tornaram muito relevantes e expandiram, de dentro de times de tecnologia (na 1ª onda, caracterizada por times ágeis) para a forma de gerir organizações (na 3ª onda, marcada pelo business agility).
Para ficar mais claro, é importante destacar que agilidade não é apenas um outro jeito de usar tecnologia nas empresas, é outra forma de tomar decisões, uma outra organização dos processos de trabalho e incentivos. Para que você compreenda melhor o movimento ágil e a sua relevância para o contexto atual de mudanças, velocidade de inovação e tecnologias, preparamos este guia. Continue a leitura para saber o que é preciso para implementar a cultura ágil em sua média empresa e extrair os benefícios para seu negócio.
Hoje, quando o assunto é gestão, inovação e competitividade, a metodologia ágil está no centro da conversa. Isso porque ela tem um potencial transformador e evolutivo para a gestão que não se consegue com abordagens convencionais.
Podemos entender o ágil como um mindset, definido por valores, guiado por princípios, e manifestado por práticas. Envolve a colaboração constante com as partes interessadas e a melhoria contínua nas empresas. Ela é um modelo e uma filosofia que veio trazer alternativas para que as companhias façam entregas de valor mais frequentes e rápidas para seus clientes e para que alcancem um estado de prontidão para reagirem mais celeremente às mudanças do mercado.
Embora seu berço tenha sido no desenvolvimento de software, hoje a metodologia ágil ajuda empresas de todos os setores a revolucionarem sua gestão, simplificando processos, tornando-os mais interativos, dinâmicos e eficientes e criando condições propícias para fortalecer uma cultura de resultados em sua companhia. Desta forma, elas evitam procrastinações e atrasos nas entregas.
A metodologia ágil teve seu marco originário com o Manifesto Ágil. Esse foi criado em 2001, apresentando uma mentalidade inovadora na entrega de valor e colaboração com os clientes, a partir de 4 valores e 12 princípios estabelecidos por um grupo de desenvolvedores de software que estavam insatisfeitos com questões como projetos morosos, pouco inovadores e clientes descontentes.
Diante disso, esses desenvolvedores perceberam que esse método tradicional, precisaria ser transformada em um modelo mais flexível, dinâmico, colaborativo e competitivo. Expressaram em um manifesto, os valores e princípios dessa forma de trabalho. Tudo isso foi sistematizado em valores e princípios que conheceremos a seguir.
Em sua essência, o gerenciamento ágil não é apenas uma metodologia, mas sim uma filosofia, um mindset. Isso significa que, embora existam muitas maneiras diferentes de implementar a mentalidade ágil, todas compartilham algumas crenças básicas que as diferenciam claramente do método em cascata utilizado tradicionalmente. E isso está no centro dos valores expressos no Manifesto Ágil. São eles:
Embora esses valores forneçam uma boa visão sobre a mentalidade ágil, eles ainda podem parecer um pouco vagos, não é mesmo? É por isso que os fundadores do movimento também lançaram uma lista de 12 princípios orientadores para a execução de um projeto ágil e análise de requisitos:
O movimento ágil pode ser visto sob a perspectiva de três ondas evolutivas, de forma que cada uma delas representa um estágio no desenvolvimento da mentalidade e prática da agilidade, assim como sua influência no gerenciamento de projetos e negócios.
Corresponde à terceira onda do movimento ágil, representando a capacidade de a empresa competir e prosperar na era digital, respondendo rapidamente às mudanças do mercado e às oportunidades emergentes com soluções de negócios inovadoras e habilitadas digitalmente.
Para isso, ela exige que todos os envolvidos na entrega de soluções — líderes de negócios e tecnologia, desenvolvimento, produção, jurídico, marketing, finanças, suporte, conformidade, segurança e outros – usem práticas Lean e ágeis para fornecer continuamente e mais rapidamente do que a concorrência produtos e serviços inovadores e de alta qualidade.
Entre as mudanças incentivadas pelo business agility, podemos citar:
Outra evolução no movimento foi promovida por um dos autores do Manifesto Ágil, Alistair Cockburn, ao criar o conceito The Heart of Agile (O Coração do Ágil). Cockburn identificou que havia exagero, complexidade e dificuldade em determinadas aplicações da metodologia. Diante disso, ele desenvolveu um modelo aprimorado, composto por quatro esferas, a saber:
Há, também, o Modern Agile, criado por Joshua Kerievsky, outro nome conhecido do movimento ágil. O motivo do surgimento do Modern Agile é que o Manifesto Ágil tem sido importante, mas o mundo mudou desde 2001.
Assim, o Modern Agile é um conceito que leva em consideração muitas áreas diferentes, não apenas o desenvolvimento de software. Ele consiste também em quatro princípios:
Considerando a sua origem, muitos gestores ainda pensam que apenas companhias voltadas à tecnologia, desenvolvimento de software ou áreas de TI se beneficiariam mais amplamente da utilização do mindset ágil. Mas isso não é verdade!
De fato, logo após a publicação de seu manifesto, os elementos norteadores dessa mentalidade já começaram a ultrapassar as fronteiras iniciais e serem aplicados em empresas das mais variadas áreas. E, com o tempo e diante dos benefícios potenciais, esse uso apenas foi ainda mais capilarizado a partir dos chamados frameworks ágeis – subtipos de gestão ágil compostos por diferentes ferramentas ágeis a serem assimiladas conforme as necessidades de cada empresa.
Como vimos até aqui, a mentalidade ágil apresenta diversas diferenças em relação às metodologias tradicionais, principalmente na rapidez de entrega de valor ao cliente, o que é fundamental para se ter uma empresa orientada ao cliente e, com isso, vantagem competitiva.
Especialmente com o surgimento e a consolidação das startups, o ritmo do mercado mudou. E o cliente se acostumou a isso, exigindo também das companhias com modelos de negócio tradicionais essa mesma dinamicidade em atendimento, inovação, lançamentos e melhorias em seus produtos e serviços. Dessa maneira, quem não segue o ritmo, como você pode imaginar, fica para trás nessa competição.
Ainda, alcança-se mais vantagem competitiva a partir de iterações – pequenas entregas rápidas – desenvolvidas em colaboração com o próprio cliente, que fornece feedback qualificado ao longo do processo e possibilita que as empresas inovem com mais agilidade e assertividade.
Dessa maneira, as companhias conseguem desenvolver foco no cliente e entregar a eles mais valor em menos tempo – uma grande vantagem competitiva, não é mesmo?
Nas palavras de Jeff Gothelf, autor de Lean UX e Sense & Respond, “no final do dia, seus clientes não se importam se você é ágil, enxuto ou praticante de design thinking. Eles se preocupam com ótimos produtos e serviços que resolvem problemas significativos para eles de maneiras eficazes”.
Na verdade, o que o cliente da média empresa espera é a entrega de valor prometida no tempo esperado. E, hoje, para fazer isso as companhias não devem ter uma abordagem “escrita na pedra”. É normal que se estude as principais metodologias, abordagens e ferramentas e se aplique o que faz sentido para a realidade de cada negócio, fazendo adaptações, combinações e criando algo que realmente contribua para que se alcance seus resultados.
E, entre essas alternativas, é recomendado considerar a metodologia ágil. Uma pesquisa do Project Management Institute verificou que as organizações ágeis têm mais probabilidade de terminar os projetos no prazo (65% contra 40%) e atingir todas as suas metas (75% contra 56%) quando comparadas às companhias que não adotam essa mentalidade. Ainda, constatou-se que as empresas ágeis até aumentaram sua receita 37% mais rápido!
Assim, os benefícios dessa metodologia são comprovados e podem favorecer também os resultados das médias empresas em termos de satisfação do cliente, níveis de inovação, capacidade adaptativa, redução de riscos no lançamento de produtos, agilidade nos processos e nas entregas de valor, entre outros. Ainda, pode contribuir para se criar uma cultura orientada a resultados e de melhoria contínua.
Se você decidiu que a metodologia ágil é a abordagem certa para sua média empresa, aqui estão 6 dicas para implementá-la com sucesso:
Antes de avançar para uma nova metodologia de gestão, é crucial identificar e estruturar seus objetivos de negócios e descrever como exatamente a aplicação da metodologia ágil ajudará a sua companhia a atender melhor suas metas estratégicas.
Assim, é importante haver uma visão clara de como a nova metodologia deve ajudar as equipes a atingirem suas metas e como essas contribuirão para os objetivos estratégicos da companhia.
A metodologia ágil enfatiza a colaboração entre a equipe interna, o cliente e outras partes interessadas importantes, como fornecedores, por exemplo. Com isso, para adotar o mindset ágil com sucesso, todos devem estar envolvidos previamente.
Então, converse com os principais participantes, explique os benefícios dessa mudança, responda às dúvidas e ouça suas considerações a respeito dessa implementação.
Todo o conceito do movimento ágil é focado no progresso iterativo e incremental. Assim, uma das maneiras mais simples e eficientes de implementar a mentalidade ágil em toda a organização é começar com um pequeno projeto e avaliar o feedback e os resultados. Essa primeira experiência ajudará a conduzir uma implementação mais assertiva posteriormente.
A metodologia ágil depende de pessoas para ser bem-sucedida. Elas precisarão se comunicar, colaborar e resolver problemas conjuntamente.
Assim, se sua equipe não estiver envolvida e motivada, uma abordagem ágil dificilmente entregará os resultados esperados.
Afinal, um dos princípios fundamentais do movimento é construir projetos em torno de indivíduos motivados, dar-lhes o suporte necessário e, em seguida, confiar neles para fazerem o melhor trabalho. Portanto, não deixe esse importante pilar relegado.
Empresas ágeis movem-se rapidamente. E por isso é necessário que se tenha momentos regulares para verificar e certificar-se de que não haja obstáculos no caminho.
No ambiente ágil, esses são chamados de stand-ups. Um stand-up é uma reunião diária de 10 a 15 minutos em que sua equipe se reúne para discutir, basicamente, três coisas:
Embora isso possa parecer um compromisso adicional em uma rotina já atribulada, essas reuniões são essenciais para promover o tipo de comunicação que impulsiona os resultados na metodologia ágil.
Afinal, o ágil depende de se reagir rapidamente aos problemas e desafios e expressá-los em um espaço compartilhado é uma maneira poderosa de promover a colaboração entre equipes para resoluções inovadores, eficazes e criativas.
Uma parte importante da metodologia ágil é fazer uma retrospectiva avaliativa para entender o que está funcionando e o que não está e, em seguida, promover melhorias.
Então, é importante em determinados marcos relevantes para sua companhia, reunir a equipe para discutir o caminho a seguir. Se algo não estiver funcionando, pode ser hora de tentar um framework diferente ou novas abordagens e ferramentas.
Lembre-se de que o ágil deve ser iterativo e você deve implementá-lo da mesma maneira. Comece pequeno, concentre-se em ações que você pode realizar rapidamente, avalie o que está funcionando, esteja aberto a mudanças, colabore e promova um ambiente de colaboração e comunicação aberta. Este será um excelente ponto de partida para implementar e começar a ter resultados com a metodologia ágil!
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