Quando os lucros não aparecem ou ficam aquém do projetado, os gestores logo pensam ser um problema da incapacidade técnica de vendedores ou baixa qualidade de produtos e serviços. Mas, às vezes, isso ocorre porque a empresa não está enxergando o mercado de forma ampla, entendendo verdadeiramente as necessidades de seus clientes, e utilizando a inovação tecnológica para transformar o caminho pelo qual gera valor.
Esse termo, inovação tecnológica, tem diversos significados, mas falaremos aqui sobre a tecnologia aplicada no meio corporativo das médias empresas, utilizada para transformar digitalmente os negócios e colher benefícios em competitividade.
Acompanhe no texto quais as vantagens em investir nas inovações tecnológicas, de modo a garantir sucesso da empresa e não perder o poder de competir no mercado. Descubra na leitura insights e lições práticas para implantar inovação tecnológica no ciclo produtivo e em outros processos da empresa.
No contexto corporativo a inovação tecnológica vai além de um olhar sobre os avanços e evoluções da tecnologia – é sobre a forma como empresas aplicam a tecnologia no seu negócio e geram mais valor para os seus clientes.
Inicialmente, é importante não confundir inovação com invenção. A invenção pode ser definida como uma nova forma de se fazer algo, e que pode se tornar uma inovação quando é aplicada e gera valor para pessoas e empresas.
Existem várias classificações de inovação tecnológica. As principais são:
Incremental: Funciona como uma sequência de melhorias e otimizações do produto ou serviço existente. Se por um lado, apresenta custos e riscos mais baixos, por outro, oferece menor retorno. O uso da tecnologia para ressignificar processos, como automação de contratos, e utilização de chatbots para atendimento aos clientes, se configuram como inovações tecnológicas incrementais.
Disruptiva: Relacionada a criação ou exploração de novos produtos ou serviços, ou até mesmo novos negócios. Se trata de navegar em ambiente de incertezas, e, portanto, com custos e riscos mais elevados, mas também com maior potencial de retorno para a empresa. Telemedicina, marketplace e aplicativos (apps) que conectam a cadeia de valor e transformam a jornada de prestação de serviços, são exemplos desse tipo de inovação.
Entender as forças chave da disrupção do mercado, assim como buscar tendências emergentes de uso da tecnologia, são extremamente relevantes para inspirar oportunidades de inovação e gerar insights que podem ser aplicados no negócio, trazendo eficiência e diferenciação.
A inovação digital não é apenas sobre utilização de tecnologias avançadas, ou aplicadas de uma forma diferente. É muito mais ampla, é também sobre cultura, liderança, organização, estratégia e processos. Está profundamente relacionada ao caminho que os negócios precisam trilhar para se reinventar diante das mudanças dos consumidores no contexto de transformação constante.
Essa transformação pode ser vista e organizada em 3 dimensões: eficiência, adaptabilidade e inovação.
Aumentar a eficiência é uma busca de praticamente todo negócio. E nesse contexto de transformação e inovação, qualquer empresa pode acessar as capacidades tecnológicas atuais para se tornar mais eficiente.
Aplicar e explorar novas tecnologias permitem que a empresa seja eficiente de uma forma que antes não era possível, se valendo de automação, modelos preditivos analíticos, internet das coisas, entre outros.
É importante que se estabeleça um processo para trabalhar a entrada e validação de novas tecnologias dentro da empresa, se conectando às ofertas do mercado, e com um processo para acompanhar as novas soluções implantadas e capturar valor para o negócio.
Exemplos de uso de tecnologia para ganho de eficiência:
Aplicação de analytics e inteligência artificial para otimizar preços e ajustar mix de produtos, impactando em aumento de vendas.
Automação de tarefas repetitivas por meio de RPA (Robotic Process Automation), impactando em produtividade da mão de obra.
Aplicação de inteligência artificial para previsão de demanda e redução de estoque, impactando melhor utilização dos ativos.
Empresas com maior probabilidade de serem bem sucedidas são aquelas que aprendem rapidamente, oferecendo produtos e serviços totalmente centrados no cliente.
Adaptabilidade, nesse contexto, é sobre como as empresas reagem ao comportamento do cliente, a forma como o fluxo da voz do cliente acontece dentro da empresa, altera decisões e modifica a maneira como a empresa entrega valor a ele.
Exemplos de práticas relacionadas a adaptabilidade:
Organização de um time de atendimento ao cliente com autonomia para resolver problemas e tomar decisões de forma mais rápida, impactando positivamente na experiência do cliente – simplificação e descentralização de mecanismos de tomada de decisão;
Estudo das mudanças de comportamento dos consumidores a partir de grande volume de dados e métricas, de forma contínua, para obter insights que modificam o produto e serviço ofertado.
O foco em resolver o problema do cliente melhor do que qualquer outro competidor, é um pilar importante, que permite a empresa crescer e mudar continuamente, à medida que o mundo e as necessidades dos clientes se transformam.
É cada vez mais crescente a necessidade das empresas se reinventarem. A grande maioria dos negócios irão sofrer alguma transformação em direção ao digital, a questão é quando irão acontecer rupturas e como irão afetar sua empresa.
Além de contar com os avanços tecnológicos para melhorar as operações e digitalizar o modelo de negócio atual, é preciso também questionar a forma pela qual a empresa resolve os problemas dos consumidores e satisfazem suas necessidades, inovando na proposta de valor e em novos modelos de negócio.
Criar um ambiente dentro da empresa para investir em ideias e iniciativas arriscadas, pode ser o caminho para reinventar o negócio e trazer novas receitas, caminhando para um portfólio de soluções e iniciativas que orbitam ao redor dos ativos e pontos fortes do negócio.
Exemplos de práticas para desenvolver inovação:
Estabelecimento de um processo para criação e desenvolvimento de novas iniciativas, que irão explorar oportunidades com certo grau de incerteza e potencial de trazer novas receitas.
Criação de um ambiente fora da organização atual para desenvolvimento de um novo negócio, com independência e autonomia em relação à gestão central da empresa.
A capacidade de inovação, como uma forma de responder a transições que transformam o mercado, acaba sendo um grande diferencial competitivo para as empresas, e em alguns casos, questão de sobrevivência do negócio.
Big data, Inteligência Artificial, Hiperautomação, Internet das Coisas, entre outros, são inovações que podem ser aplicadas em empresas médias que embarcam na jornada de transformação digital.
Conjunto de dados em grandes volumes, velocidade e variedade, que podem ser usados para resolver problemas de negócio, utilizando uma abordagem diferente, e obtendo respostas mais completas. Empresas médias podem alinhar big data com objetivos de negócios específicos e aplicar desde o desenvolvimento de produtos, até manutenção preditiva e experiência do cliente.
A dominação da inteligência artificial pelas empresas é o principal componente catalisador das transformações. Com habilidades de interação e co-criação junto a AI, as empresas podem identificar oportunidades que hoje não são vislumbradas, tanto para resolver problemas da sua operação, tanto para pensar novos modelos de negócio.
Os processos passam a ser cada vez mais automatizados, usando ferramentas como aprendizado de máquina, AI, software orientado a eventos e processo robótico de automação. beneficio.
Possibilita a conexão do mundo físico com o digital, conectando objetos físicos à internet, por meio de sensores, softwares e outras tecnologias. Essa tecnologia permite que grande quantidade de dados de sensores sejam coletados e analisados, gerando insights em relação a processos existentes de manutenção, cadeia de suprimentos, atendimento ao cliente, recursos humanos e serviços financeiros.
Originalmente, blockchain é uma engenharia computacional para criptomoeda. Essa tecnologia crescerá para outras áreas por ser uma rede comunicativa, privada e criptografada que valida informações conjuntas. É tendência para a segurança em sistemas dinâmicos por permitir compartilhamento de dados com segurança.
As realidades aumentadas, virtuais e mistas têm simulado muito bem a inteligência humana, ao ponto de clientes pensarem que conversam com humanos ao invés de robôs no atendimento, por exemplo.
Com essas tecnologias que contam com muitos recursos para evoluírem da melhor forma, consumidores tendem a aprofundar experiência e conexão com marcas, o que otimiza os níveis de fidelização.
Coletar dados a partir de interações digitais e estudos etnográficos para entender de forma mais profunda o comportamento dos consumidores passa a ser ainda mais relevante para os negócios.
Os dados das pessoas podem ser utilizados para influenciar comportamentos (IoB – Internet of Behaviors), podendo se tornar uma ferramenta poderosa para organizações públicas e privadas, embora com importantes desafios éticos e sociais.
O alinhamento de questões éticas na criação e utilização de tecnologias continuará a ser pauta relevante, principalmente no que diz respeito aos dados e à privacidade dos usuários. À medida que as organizações aceleram os negócios digitais, a segurança precisa acompanhar a mudança.
Os investimentos podem ser alocados em três direções: 1. Para tornar a empresa e sua operação mais eficiente (eficiência); 2. Para fazer com que a voz do cliente ganhe maior relevância (adaptabilidade); 3. Para fomentar e investir em novas oportunidades de negócio (inovação).
O ideal é que os investimentos aconteçam de forma gradual, e a empresa estabeleça mecanismos para ir investindo à medida que o processo de aprendizado acontece, e são capturados resultados para o negócio. Ou seja, direcionar investimentos com o olhar de maximizar os benefícios da inovação tecnológica.
O processo de transformação não deve ser orientado pela tecnologia, isolada, e sim pela estratégia da empresa. Portanto, o envolvimento da alta liderança é essencial. A tecnologia é uma ferramenta que certamente irá acelerar o alcance dos objetivos estratégicos, ou até mesmo, modificá-los.
Esse caminho vai além de identificar tendências e insights, precisa de pragmatismo para endereçar capacidades de novas tecnologias que podem diferenciar o negócio, identificando o que precisa ser feito primeiro, organizando ações em um plano, e definindo métricas para acompanhar o valor gerado.
Fazer a gestão da inovação, estruturar objetivos, métricas e ações em um roadmap, de acordo com as três dimensões (eficiência, adaptabilidade e inovação), pode ajudar bastante para que a jornada de transformação aconteça no ritmo necessário, e não fique “descolada” do negócio.
Algumas dicas para construir o seu plano:
Identifique oportunidades de melhoria na operação;
Entenda profundamente as necessidades dos clientes;
Desenvolva um processo de criação de modelos de negócio inovadores;
Acesse e priorize potenciais novas tecnologias;
Aprove investimentos graduais, de acordo com captura de valor;
Defina métricas e incentivos relacionados a inovação;
Revise as métricas de forma regular, em intervalos curtos;
Não se apegue demais ao plano, tenha flexibilidade para mudanças.
Disciplina na execução é essencial para uma jornada de sucesso, assim como flexibilidade e adaptação, permitindo que a empresa consiga “rodar” ciclos curtos de aprendizado com geração de valor contínua.
Inovação tecnológica é uma realidade que vem crescendo de forma acelerada. Não embarcar nessa jornada é, definitivamente, uma desvantagem competitiva e questão de sobrevivência no mundo atual.
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