Práticas de ESG nas médias empresas: muita empatia, pouca ação
Valorizadas pelas empresas de médio porte, práticas de ESG ainda carecem de aplicação prática que alavanque resultados no mercado brasileiro.
As práticas de ESG nas médias empresas ainda carecem de efetividade. Essa é a conclusão de um levantamento da Mid Falconi com 98 CEOs, diretores e gestores de 83 companhias brasileiras que faturam entre R$ 15 milhões e R$ 300 milhões. Além disso, o estudo indica que a sensibilização cresceu; entretanto, a execução continua avançando lentamente.
Na visão de Viviane Martins, CEO do grupo Falconi, “tem mais sensibilidade do que ação no momento. Dois drivers vão puxá-las para o campo de ação: o financiamento de mercado e se estiverem envolvidas na cadeia de alguma grande empresa. Se as grandes progridem, as menores têm que se adaptar”. Portanto, a pressão do ecossistema tende a acelerar a prática.
A pesquisa mostra que 33% das companhias já adotam medidas com viés de ESG. Em contrapartida, a maioria ainda executa ações com pouco ou nenhum impacto. Neste artigo, você verá os principais achados e, em seguida, a visão de especialistas. Continue a leitura.
Entenda o que são práticas de ESG e sua importância
O que é ESG?
Antes de detalhar o levantamento, vale alinhar conceitos. De forma geral, ESG é um conjunto de padrões e boas práticas que indicam se a operação de uma empresa é socialmente consciente, ambientalmente sustentável e bem gerida. Já em outras palavras, o ESG amplia a avaliação do negócio para além dos números financeiros.
Os três pilares do ESG
- E — Environmental (Meio ambiente);
- S — Social;
- G — Governance (Governança).
Pilar E: Ambiental
- Aquecimento global e emissão de carbono;
- Poluição do ar e da água;
- Biodiversidade;
- Desmatamento;
- Eficiência energética;
- Gestão de resíduos;
- Escassez de água.
Pilar S: Social
- Satisfação dos clientes;
- Proteção de dados e privacidade;
- Diversidade da equipe;
- Engajamento dos funcionários;
- Relacionamento com a comunidade;
- Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.
Pilar G: Governança
- Composição do Conselho;
- Estrutura do comitê de auditoria;
- Conduta corporativa;
- Remuneração dos executivos;
- Relação com entidades do governo e políticos;
- Existência de canal de denúncias.
Por que isso importa
Esses pilares funcionam como parâmetro para avaliar a sustentabilidade de uma organização, ampliando a análise para além do lucro. Nesse sentido, torna-se possível identificar se a empresa é capaz de gerar impactos financeiros, sociais e ambientais positivos.
Ou seja, a capacidade de gerar lucro passa a ser apenas uma entre várias variáveis consideradas por investidores e consumidores. Além disso, negócios que evoluem nesses critérios tendem a ganhar acesso a capital, a mercados e a talentos.
Principais resultados do levantamento
Panorama geral
O investimento em práticas ESG tornou-se um fator de diferenciação nos setores público e privado. Apesar disso, não se trata de uma novidade, já que o movimento ganhou corpo em 2005, em fórum liderado pela ONU. Ainda assim, apenas 33% das PMEs analisadas mostraram ações efetivas com impacto social e ambiental mensurável.
Meio ambiente
Na frente ambiental, a integridade e a sustentabilidade na cadeia de fornecedores apareceram como um ponto crítico. Apenas 26% dos entrevistados relataram iniciativas relevantes nesse tema. Em contrapartida, 74% disseram ter ações pouco ou nada efetivas. Importante frisar: o desafio não é exclusivo das PMEs. Entre empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões, 56% também declararam ausência de iniciativas eficazes na cadeia de fornecedores.
Para Helen Camargo, do centro de sustentabilidade do Sebrae, “o tema veio muito forte nos últimos dois anos, parte porque as grandes empresas se posicionaram e parte por causa dos investimentos”. Além disso, ela reforça: “para quem pleiteia um projeto de impacto social, não se olha mais só para a viabilidade econômica; a sustentabilidade entra como premissa para decidir aportar ou não capital”.
Diversidade
No pilar social, a diversidade continua em construção nas PMEs. Apenas 40% das organizações afirmaram ter iniciativas relevantes. Segundo Viviane Martins, “seja para inovação ou para uma boa gestão de pessoas, a diversidade é essencial na resolução de problemas complexos, em que a interdisciplinaridade cumpre papel decisivo para alcançar resultados melhores e soluções mais arrojadas”.
Colaboradores
Quanto à satisfação dos colaboradores, mais de 95% das organizações declararam alguma iniciativa. Contudo, quase metade ainda não observa o impacto desejado. Portanto, além de programas, é necessário medir resultados, ajustar rotas e garantir constância.
Governança
A governança sustenta o ESG ao fortalecer a gestão de riscos e abrir espaço para inovação. Nesta dimensão, as PMEs classificaram seus esforços de planejamento assim:
- 48,89% — esforço adequado à necessidade;
- 31,11% — esforço inferior à necessidade;
- 20% — esforço acima da necessidade.
Inovação
A inovação é vetor de competitividade de longo prazo. Ainda assim, quase 65% das empresas perceberam apenas melhorias marginais. Por outro lado, 27,6% reportaram resultados excepcionais. Em suma, ainda há espaço para transformar ideias em ganhos concretos.
Como alerta Viviane, “as empresas B2C devem observar as mudanças de comportamento do consumidor — algumas são geracionais; outras, vieram com a pandemia”.
Conclusões
As PMEs representam parcela relevante do mercado brasileiro. Na indústria, responderam por 47% do PIB do setor (IBGE, 2011). Já no setor de serviços, superam um terço do mercado nacional. Mesmo com vantagens como flexibilidade, proximidade do cliente e colaboração, elas ainda enfrentam obstáculos significativos.
A pesquisa aponta dois gargalos centrais: implementar políticas de ESG com impacto real e incorporar uma cultura de inovação que gere resultados consistentes. Em contrapartida, uma parcela expressiva das empresas já se mostra inclinada — e até ativa — nas tendências mais relevantes do mercado atual. Por fim, se você deseja avançar, acesse o artigo “como implementar ESG nas médias empresas” e descubra caminhos aplicáveis para o seu negócio.
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