É comum encontrar empresas que, após implantarem um programa de gestão, alcançam resultados excelentes em pouco tempo — mas logo em seguida voltam a enfrentar problemas que pareciam superados.
Essa instabilidade nos resultados geralmente não está relacionada à qualidade das soluções aplicadas, mas sim à falta de um elemento essencial: a maturidade de gestão.
Maturidade de gestão significa encarar a gestão como um processo contínuo, estruturado e em constante evolução. Sem essa visão, as conquistas iniciais tendem a se perder com o tempo, e o ciclo de “apaga incêndios” volta a se repetir.
Ao longo de mais de 10 anos apoiando médias e grandes empresas, observamos que aquelas que priorizam o desenvolvimento da maturidade de gestão constroem uma base sólida para crescer com consistência, minimizar riscos e manter seus resultados no longo prazo.
Neste artigo, você vai entender o que é maturidade de gestão, por que ela é um pilar estratégico e como utilizá-la para impulsionar o desempenho da sua empresa de forma contínua e sustentável.
Para alcançar resultados consistentes ao longo do tempo, é essencial que as empresas adotem uma abordagem estruturada de gestão — e isso começa pela maturidade de gestão.
No livro “O Verdadeiro Poder”, o professor Vicente Falconi apresenta o conceito de Sistema de Gestão como um conjunto de processos e práticas interligadas, cuja função principal é gerar resultados sustentáveis e alinhados aos objetivos estratégicos da organização.
Na prática, isso significa combinar a operação diária com melhorias constantes e inovações estratégicas, sempre integradas à tomada de decisão e à execução planejada. A imagem acima representa como esse sistema se desdobra em diferentes horizontes de tempo — 1 dia, 1 ano e até 5 anos — e como ele conecta gestão da rotina, projetos, inovação e estratégia.
Esse modelo também reforça a importância de gerenciar a empresa de forma integrada: desde o nível operacional, passando pelo nível tático (projetos e metas anuais), até o nível estratégico (visão de longo prazo). Esse alinhamento entre os níveis é o que permite que os resultados sejam não somente alcançados, mas mantidos e ampliados.
E é justamente para avaliar se esse sistema está funcionando bem — e em qual estágio evolutivo ele se encontra — que surgem os modelos de avaliação da maturidade de gestão. Eles ajudam líderes a identificar lacunas, fortalecer processos e garantir que os meios utilizados estão otimizando os fins esperados: crescimento estruturado, performance duradoura e impacto positivo.
Para entender o conceito de maturidade de gestão, vale começar pela origem da palavra “maturidade”. Conforme o dicionário Michaelis, no contexto da botânica, ela representa o “estado de um fruto que alcançou seu desenvolvimento completo”.
Esse paralelo é útil: assim como um fruto passa por fases de crescimento até atingir seu ponto ideal, as empresas também avançam por diferentes estágios até alcançar um nível elevado de maturidade em sua gestão.
Quando uma organização atinge esse estágio de desenvolvimento completo, significa que ela possui processos bem estruturados, toma decisões baseadas em dados e adota modelos de gestão sofisticados. Além disso, metas desafiadoras são perseguidas com consistência, e a cultura da empresa se orienta naturalmente para resultados, com o método de gestão praticado por todos os colaboradores de forma automática.
A maturidade de gestão, portanto, está diretamente ligada à capacidade de manter o desempenho ao longo do tempo. Quanto maior o nível de maturidade, maior a previsibilidade dos resultados e menor a chance de retrocessos ou perdas por falta de estrutura.
Existem diversos modelos para avaliar em que estágio de maturidade a empresa se encontra. Os mais eficazes são aqueles que comprovam uma forte correlação entre o avanço da maturidade e o alcance de metas e resultados superiores. Essa mensuração permite aos líderes entender onde estão, quais lacunas precisam ser preenchidas e como acelerar a evolução da gestão.
Em seguida, veremos alguns desses modelos de avaliação que já foram testados e validados em diferentes segmentos.
Entre os modelos mais aplicados para avaliar a maturidade de gestão nas empresas, o Diagnóstico de Gerenciamento da Rotina (DGR), desenvolvido e amplamente utilizado pela Falconi, é um dos mais eficazes.
O DGR avalia a capacidade da organização de manter seus processos sob controle e gerar resultados consistentes por meio da padronização, acompanhamento de metas e melhoria contínua.
Em um estudo baseado na aplicação do DGR em dezenas de empresas de médio e grande porte, foi realizada uma análise estatística para entender a relação entre o nível de maturidade em gestão da rotina e o alcance de metas estratégicas. O resultado mostrou uma forte correlação positiva, com índice de explicação (R²) de 96,7% — ou seja, quanto maior o nível de maturidade no DGR, maior a probabilidade da empresa atingir suas metas.
Esse dado reforça que a maturidade em gestão, quando bem estruturada e avaliada com métodos robustos como o DGR, tem impacto direto nos resultados sustentáveis das organizações.
Quando falamos em maturidade de gestão, um dos pilares críticos para o sucesso sustentável das empresas é o Gerenciamento de Projetos (GP). Empresas com projetos bem estruturados, acompanhados e concluídos no prazo e orçamento são mais competitivas e resilientes.
Um dos modelos mais reconhecidos para medir essa maturidade é o Modelo Prado MMGP, amplamente aplicado no Brasil. Esse modelo avalia o nível de maturidade em Gerenciamento de Projetos em uma escala de 1 a 5, considerando, aspectos como, padronização, cultura de projetos, uso de ferramentas e indicadores de sucesso.
Segundo uma pesquisa conduzida em 2017, empresas que alcançam níveis mais altos de maturidade em GP têm resultados significativamente superiores. O estudo mostra que o percentual de projetos com sucesso total salta de 28,8% no nível 1 para 88,65% no nível 5 — ou seja, um aumento de quase 60 pontos percentuais conforme a maturidade evolui.
Essa evidência reforça o impacto direto da maturidade em gestão sobre o desempenho organizacional, provando que profissionalizar o gerenciamento de projetos não é somente uma boa prática, mas uma alavanca concreta de melhoria nos resultados estratégicos.
Medir o grau de maturidade em gestão é essencial para entender em que estágio a sua empresa se encontra na jornada rumo a resultados sustentáveis. Na Mid, utilizamos uma abordagem que considera cinco níveis de maturidade. A partir do nível 4, uma empresa já demonstra práticas estruturadas, com gestão profissionalizada e foco claro em metas.
No entanto, avaliar somente a maturidade de gestão não é suficiente. É necessário fazer essa análise em conjunto com o nível de alcance de metas. Afinal, uma empresa pode até ter processos estruturados, mas se não estiver alcançando os resultados esperados, algo precisa ser ajustado.
Para facilitar esse entendimento, utilizamos uma matriz de cruzamento entre dois fatores:
Essa matriz nos permite entender o que precisa ser feito em cada cenário:
Interpretações possíveis:
A maturidade de gestão não é apenas um conceito técnico — ela é um diferencial estratégico para médias empresas que desejam crescer com consistência, previsibilidade e foco em longo prazo.
Ao longo deste artigo, vimos que alcançar um alto nível de maturidade exige mais do que boas ideias ou ferramentas isoladas. É preciso construir um sistema de gestão estruturado, praticado por toda a organização e alimentado por ciclos de melhoria contínua. E, mais importante: é necessário medir esse progresso com clareza.
Modelos como o DGR da Falconi e o Prado MMGP para gerenciamento de projetos mostram, com evidência estatística, que quanto maior a maturidade de gestão, maiores são as chances de a empresa atingir suas metas e manter os resultados ao longo do tempo.
A matriz que cruza maturidade x resultados ainda amplia a visão estratégica, ajudando líderes a entender onde estão hoje e o que fazer para evoluir.
Se a sua média empresa deseja transformar metas em entregas concretas, decisões em processos robustos e crescimento em perenidade, a jornada começa pela maturidade de gestão.
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