Em junho de 2021, o Brasil registrou, pela primeira vez neste ano, uma queda no Índice Nacional de Consumo. O registro é feito mensalmente pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados). Apesar de singelo, o recuo de 0,68% nos números preocupam a indústria de bens de consumo.
Mesmo depois de quase 4 meses, estes dados ainda geram dúvidas sobre a retomada da economia e o futuro do consumo no país. De fato, o empreendedor na indústria de bens de consumo ainda está inseguro com os desafios do cenário sócio-econômico.
A escassez de matéria-prima, o aumento nos custos dos materiais e a pandemia têm refletido diretamente nos preços. Dessa forma, os consumidores sofrem, vendo seu poder de compra reduzido.
Em um cenário tão adverso, é preciso ter foco para trabalhar os problemas prioritários da sua indústria. Por isso, neste artigo, vamos discutir os principais desafios enfrentados pelo empreendedor na indústria de bens de consumo. Também traremos as melhores formas de superá-los!
Boa leitura!
Para entender a Indústria de bens de consumo, precisamos tratar primeiramente sobre esta questão.
Segundo a Sondagem Industrial, produzida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), a falta de matéria-prima está afetando o setor. Conforme declarado, “a falta ou o alto custo das matérias-prima continuou sendo o problema mais assinalado pelos empresários industriais entre os principais enfrentados no segundo trimestre de 2021”.
Já é o quarto trimestre consecutivo em que isso acontece. O que sinaliza a dificuldade dos empreendedores de contornar o problema, cujas raízes são bem conhecidas.
Como era de se esperar, dois fatores causaram isso. A pandemia do coronavírus e o aumento do dólar foram os grandes causadores da falta de suprimentos globalmente. Com a interrupção de cadeias produtivas em todo mundo, houve um acúmulo na demanda durante o retorno da atividade industrial. Assim, aumentou a concorrência global pelos insumos.
Além disso, a alta no dólar deixou os insumos ainda mais caros. Isso porque, além de impactar insumos dolarizados importados pela indústria, com o dólar alto, é mais interessante para o produtor brasileiro exportar do que vender no mercado interno.
Diante desse cenário, o que é possível fazer para contornar o problema?
Enquanto não há uma solução única. Existem medidas que permitem aumentar a austeridade do negócio, garantindo melhores negociações e reduzindo desperdícios. Assim, se asseguram maiores eficiências e aumentam o valor percebido para reduzir o impacto de possíveis repasses de preços ao cliente.
A seguir, discutiremos cada uma dessas medidas.
O crescimento do dólar afetou a economia como um todo. Em maio de 2020, quando chegou a custar R$ 5,90, a moeda abalou estruturas de produtores de todos os cantos.
Apesar de já ter se desvalorizado, o dólar ainda segue em um valor alto, acima dos R$ 5,5. Com a entrada de um novo ano eleitoral e as incertezas políticas, a expectativa não é positiva. Provavelmente, não vejamos melhora nesse valor no curto ou médio prazo.
Por isso, é possível dizer que a alta dos preços dos insumos veio para ficar. Isso está forçando a indústria de bens de consumo a construir uma estratégia sólida que vise combater o problema e melhorar a margem de lucro.
Neste momento, não só a tecnologia e os dados ajudarão a melhorar as previsões de demanda e planejamento de estoque. Mas, também será preciso que o empreendedor dedique tempo para analisar, gerenciar e avaliar seus processos.
Veja abaixo quais são as medidas que devem constar nessa estratégia:
Quando um ou mais fornecedores aumentam os preços, é necessário que a indústria revise as contas para manter a margem de lucro. Esta ação é necessária para buscar oportunidades de compensar o aumento. Isso passa por um mapeamento de fornecedores-chave e um relacionamento próximo para conquistar melhores condições de negociação e pagamento.
Uma boa sugestão é buscar formas de aumentar o poder de escala e maior número de ofertas de novos fornecedores. Isso pode ser feito, inicialmente, por meio de plataformas de bidding. Essas plataformas permitem que os fornecedores acessem seu portal, analisem suas solicitações e façam propostas para o seu contrato. Com um funcionamento similar a um leilão, você pode então escolher o fornecedor que melhor atende suas necessidades de custo e prazo.
Além de negociar melhores condições com os fornecedores, também é preciso olhar para dentro, buscando oportunidades de otimização e redução dos custos. Isso é feito, principalmente, otimizando o uso dos insumos e os processos produtivos para eliminar quaisquer pontos de desperdícios.
Controlar os materiais usados no processo de fabricação e manter apenas a quantidade certa de estoque (just-in-time) é um primeiro passo para reduzir o desperdício de fabricação, incluindo o risco de perda, deterioração e danos.
Evite compras desnecessárias. Examine sua estimativa de vendas e estime seu estoque necessário para ter um bom giro e atender a demanda de forma adequada. Descubra seus produtos mais vendidos e aqueles que são menos lucrativos para que você possa produzir os itens certos neste momento. As auditorias internas e inventários em uma frequência adequada também podem fornecer informações valiosas sobre o consumo dos insumos e melhorias potenciais.
No entanto, há um limite até onde essas compensações podem chegar e, em algum momento, será necessário repassar os valores ao consumidor. Mas há uma maneira certa de fazer isso, aumentando a percepção de valor que a empresa entrega ao consumidor (mesmo que sua indústria tenha como clientes outras indústrias), seja reduzindo valores de entrega ou oferecendo algum serviço opcional.
Alguns diferenciais competitivos podem ser a chave nesse processo e delimitar o sucesso ou fracasso da nova estratégia. Esses diferenciais incluem a implementação de práticas ESG, que se preocupam em alinhar práticas sociais e sustentáveis aos objetivos gerais de negócios, e a busca por certificações B-Corp, certificado que atesta que a empresa respeita os mais altos padrões de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade legal.
Além disso, velocidade é fundamental. Portanto, ter políticas, processos e rotinas comerciais bem estabelecidos será um grande diferencial na medida em que permitirá que decisões de ajuste de preço rapidamente sejam efetivadas nas negociações realizadas pela sua equipe comercial.
A pandemia do coronavírus e seus impactos negativos atingiram a indústria em um momento em que ela passava por uma plena revolução. A mudança nos hábitos dos consumidores, o aumento da exigência por se relacionar com empresas bem colocadas social e ambientalmente, a transformação digital e o aumento da concorrência encurralaram o empreendedor ao mesmo tempo, exigindo que ações fossem tomadas em direção a uma mudança — e rápido.
O comportamento do consumidor médio mudou em consonância com a digitalização. Com acesso fácil à informação, o consumidor se tornou muito mais exigente sobre o que compra e de quem compra. Isso não só quer dizer que ele está a procura de produtos de qualidade, como também de marcas conscientes.
O compromisso com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), já faz parte da realidade de 83% das empresas que fazem parte do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3 segundo o Pacto Global. Nessas empresas, as práticas de ESG (Environment, Social and Governance) são alinhadas às estratégias, metas e resultados da organização.
A boa notícia é que a crescente pressão pela digitalização da produção de bens— com a adoção de tecnologias da Indústria 4.0 — é também a solução para muitas das questões circundando o empreendedor na indústria.
O uso da automação nos processos internos permite conquistar o aumento de produtividade e eficiência necessários para lidar com a alta nos preços dos insumos, ao mesmo tempo que técnicas avançadas de análise de dados, como uso de Big Data, IA, Machine Learning e outros, permitem auxiliar na predição de demandas e oscilações de mercado, acompanhar fornecedores e buscar soluções que se adequem melhor à realidade de cada indústria.
A transformação digital também tem impacto no relacionamento com fornecedores — a aplicação de canais digitais e o aumento da exigência dos consumidores B2B possibilitou a criação de canais de comunicação mais ágeis e diretos entre empresas e fornecedores. Isso, por sua vez, abre portas para a solução de problemas de reposição de matéria-prima.
Enquanto algumas incertezas ainda pairam sobre a economia, muitas das tendências que moldarão o futuro da indústria de bens de consumo já podem ser identificadas. Aqueles empreendedores com foco para entendê-las e abordá-las em seu processo produtivo sairão na frente, criando oportunidades para aumentar sua participação no mercado.
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