A governança corporativa reúne um conjunto de práticas, regulamentações e processos norteadores para a atuação de uma empresa. Tais parâmetros costumam ser definidos no âmbito dos conselhos administrativos e órgãos colegiados que congregam representantes de acionistas e proprietários das companhias. Já as médias empresas, naturalmente, contam com suas particularidades quando o assunto é governança corporativa. Para muitos gestores, esse é um tema pouco debatido porque as iniciativas na área não são próprias a uma organização desse porte. Na contramão de tal entendimento, viemos defender justamente o contrário. As práticas de governança corporativa não só podem como devem fazer parte das médias empresas.
De acordo com um levantamento feito pela ABN AMRO, organizações com estruturas de governança frágeis poderiam aumentar sua capitalização de mercado em cerca de 85 a 100% com uma revisão geral de suas práticas de governança. Para que você vislumbre essa realidade em seu negócio, faremos uma exposição sobre a importância e os pilares de uma boa governança, suas aplicações práticas e o que levar em consideração na implementação de um projeto com esse propósito.
Como em muitos outros aspectos da vida empresarial, as práticas de governança corporativa não devem seguir um princípio único. Ao contrário. A experiência indica que as formas de implementar e obter uma melhor governança podem variar consideravelmente de país para país e de empresa para empresa, mesmo quando aplicadas no mesmo setor de atividade empresarial.
Podemos dizer, portanto, que os motivos responsáveis por levar uma companhia a buscar melhorias na governança corporativa são tão numerosos e variados quanto as formas de implementá-las.
Em muitos casos, a decisão de adotar medidas específicas de governança acontecem após um período relativamente longo dedicado à compreensão dos custos e dos benefícios de tal esforço. Durante esse período, colaboradores eleitos como atores principais para esse processo podem adquirir maior conhecimento sobre o que uma melhor governança corporativa pode trazer à empresa e aos seus vários grupos interessados, internos e externos.
Em outros casos, a opção por estabelecer uma política de governança corporativa ocorre em caráter emergencial, para lidar com eventos críticos. Nessa situação, esses atores devem tomar decisões relacionadas à governança imediatamente e a implementação deve ser acelerada. Normalmente, os fatores que motivam a empresa determinam a priorização das ações de melhoria na governança e o ritmo de implementação.
Seja qual for o caso, o mais indicado é consolidar um plano de governança corporativa capaz de lidar com as particularidades de seu próprio negócio. Assim, é possível se antecipar a problemas e colher melhores resultados em diferentes áreas.
O primeiro ponto que merece consideração quando falamos em governança corporativa é a adequação à legislação vigente. Afinal, um princípio bastante claro para qualquer companhia diz respeito à necessidade de gerenciar riscos legais ao estruturar a própria operação.
Nesse sentido, as instâncias de governança criadas, sobretudo o conselho administrativo, auxiliarão a gestão na criação de mecanismos e estratégias capazes de orientar as ações dos diferentes setores.
Com uma estratégia de governança corporativa bem consolidada, também é esperado um fortalecimento da gestão como um todo. Quanto a isso, é preciso compreender o quão importante é contar com princípios norteadores das ações empresariais.
Para citarmos um exemplo, podemos tratar de momentos decisivos na vida de uma companhia, como uma fusão ou aquisição. Todo o processo decisório que envolve uma mudança de rumo dessa magnitude deve estar muito bem amparado por análises no campo comercial, econômico, jurídico e operacional.
Nas instâncias de governança, uma equipe multiprofissional poderá ser formada para avaliar tudo o que envolve o projeto. Riscos e oportunidades serão bem definidos para que a gestão possa tomar a decisão mais adequada.
A esse exemplo somam-se muitos outros. Basta pensar no quão positiva pode ser a influência das instâncias de governança corporativa, desde que bem consolidada e formada por pessoas e processos capazes de gerar valor.
Uma empresa em busca de um reposicionamento de mercado também tem muito a se beneficiar de uma estratégia de governança corporativa. Em consonância com o plano de ação estabelecido, podem ser criadas condições para uma avaliação do segmento de atuação da companhia, do comportamento de concorrentes e das condições efetivas para se chegar aos objetivos traçados.
A transparência, enquanto princípio da governança corporativa, consiste em disponibilizar para a gestão e acionistas da companhia informações de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
Esses dados não devem fazer referência a apenas seu desempenho econômico-financeiro. O documento deve contemplar também as demais dimensões (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.
A equidade pode ser resumida como o tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em conta os seguintes aspectos:
A prestação de contas, ou accountability, propõe aos agentes de governança prestar contas de sua atuação com clareza, objetividade e tempestivamente. Dessa forma, eles assumem integralmente as consequências de seus atos e omissões, atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis.
Os agentes de governança devem zelar a curto, médio e longo prazo a viabilidade econômico-financeira das organizações e a redução das externalidades negativas, assim como o aumento das positivas em seus negócios e suas operações.
Tudo isso levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais:
Líderes da empresa são responsáveis pela implementação de mudanças. O sucesso na melhoria das políticas e práticas de governança corporativa requer que a liderança da empresa assuma a responsabilidade de garantir que as mudanças sejam implementadas. Tal supervisão e apoio à implementação definem o tom apropriado, acima de tudo, quando combinados a mecanismos eficazes de monitoramento e acompanhamento para ajudar a garantir uma implementação bem-sucedida.
Uma vez que as melhorias iniciais da governança corporativa já estejam em andamento, comunique as mudanças interna e externamente. O feedback recebido de todas as partes interessadas ajudará a liderança da empresa a modificar os planos de melhoria da governança corporativa para se ajustar à realidade, demandas e necessidades do momento.
Todas as partes interessadas devem entender que uma boa governança corporativa requer melhoria constante na mesma velocidade em que mudam as circunstâncias internas e externas. As empresas devem ficar à frente dos avanços em termos de governança corporativa em todo o mundo e na região. Devem implementar as melhores práticas possíveis em benefício da empresa, seus acionistas e todas as partes envolvidas.
A criação de uma estrutura interna garantirá a efetividade do sistema de governança corporativa da sua empresa. Existem diversas alternativas para tais estruturas internas de gestão das melhorias de governança corporativa. Em vez de criar uma entidade separada, a abordagem poderia envolver a expansão do escopo de responsabilidade para um órgão existente ou um representante da companhia designado para essa função.
Independentemente da abordagem, é importante envolver os principais líderes da empresa, isto é, o conselho de administração, a diretoria executiva e, talvez, os acionistas controladores. Atribua responsabilidades claras de monitoramento das ações referentes à governança corporativa como uma maneira de garantir que os líderes recebam informações relevantes e oportunas sobre o progresso e tenham oportunidades suficientes para intervir e fazer as correções do curso, se necessário.
O fato de contar com o conjunto certo de políticas, práticas e estruturas não é suficiente para garantir que as mudanças ocorrerão de fato na governança corporativa. Os processos de implementação e manutenção são também importantes para fazer as coisas funcionarem adequadamente. O sistema de governança corporativa deve ser monitorado durante a sua trajetória, de modo a ser adaptado a novas situações e a garantir que o conhecimento e as informações referentes aos esforços anteriores de governança corporativa sejam aproveitados.
É preciso uma atenção especial para a criação e a manutenção de um processo eficiente de tomada de decisões e para a garantia de um bom fluxo de informações. Isso inclui as novas práticas e os mecanismos para facilitar a sua implementação e melhoria contínua.
Entendida a importância da governança corporativa para as médias empresas, convidamos você a conferir mais um conteúdo publicado em nosso blog. Dessa vez, falamos sobre: Como alinhar cultura e estratégia para impulsionar os resultados das médias empresas?
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