Como implementar ESG nas médias empresas

Como implementar ESG nas médias empresas
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Tempo de leitura: 7 minutos
Última atualização: 08/09/2025

A sustentabilidade está em alta e empresas que investem nessa agenda, além de ser o certo a se fazer, alcançam melhores resultados. Como efeito, essas organizações ganham a preferência de consumidores, colaboradores e talentos, tanto nas escolhas quanto no engajamento profissional.

O significado de ESG vem do inglês e quer dizer Environmental, Social and Governance; ou seja, “ambiental, social e governança”.

O que é ESG?

O termo ESG se refere a um conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança que, quando integradas e enraizadas da estratégia à operação, endereçam necessidades futuras, riscos e oportunidades para organizações, meio ambiente e sociedade. O objetivo é gerar valor compartilhado e orientado à prosperidade.

Em resumo, a agenda ESG promove uma atuação mais responsável e sustentável hoje, a fim de manter a competitividade amanhã. Dessa forma, o tema recebe atenção especial no mundo corporativo por indicar negócios sólidos que consideram critérios de sustentabilidade.

Apontada como uma das principais tendências em 2021, a sigla ESG também faz referência à avaliação do impacto organizacional para além da dimensão econômica, alcançando as dimensões social e ambiental. Por consequência, a análise da agenda ESG revela como a organização se posiciona em relação ao planeta e à sociedade em que atua. Afinal, uma operação deve ser responsável e sustentável — e isso deixou de ser opção há muito tempo.

As práticas tradicionalmente associadas à sustentabilidade representam uma mudança de paradigma na relação entre empresas e investidores. Atualmente, passaram a compor a estratégia financeira das organizações.

Por que práticas ESG geram valor às organizações?

  1. Uma organização forte em ESG tende a ser mais eficiente, responsável e sustentável no uso de recursos, no desenvolvimento do capital humano e na gestão da inovação — o que preserva a competitividade no longo prazo.
  2. Com propósito conectado a impacto e operação mais sustentável, atrai clientes e talentos.
  3. Consequentemente, cresce o potencial de lucratividade no longo prazo, a atração de investimentos e a capacidade de expansão e inovação, gerando resultados de curto a longo prazo.
  4. Além disso, empresas fortes em ESG gerem melhor riscos e mantêm maior compliance com políticas e padrões, reduzindo acidentes e intervenções regulatórias e legais.
  5. Por fim, organizações fortes em ESG ampliam o valor à medida que desenvolvem stakeholders internos e externos, que passam a somar valor ao negócio.

Origem e relevância do ESG pelo mundo

Da sustentabilidade ao ESG

A agenda ESG surgiu das agendas de Sustentabilidade e de Responsabilidade Social Corporativa. Seu início remonta a 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Além disso, o Modelo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, disseminado pelo Relatório Brundtland (1987), reforçou a responsabilização por desastres e impactos ambientais, bem como a falha em garantir direitos humanos básicos para as gerações atual e futura.

Mais recentemente, em 2015, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, liderada pela ONU, e seus pactos, acordos, padrões e diretrizes impulsionaram os avanços do modelo sustentável. Desse modo, a pauta evoluiu para a “Agenda ESG”, integrando aspectos econômicos, ambientais, sociais, éticos e de transparência para a prosperidade das organizações, do meio ambiente e da sociedade.

Crises, evidências e mercado

As consequências da crise causada pela COVID-19 evidenciaram essa integração: uma crise sanitária agravou problemas sociais e gerou impactos econômicos relevantes. Portanto, ficou clara a importância das questões sociais na interdependência entre países, indivíduos e organizações.

No entanto, a agenda ganhou ainda mais força com a preocupação do mercado financeiro e de capitais. Em especial, passou-se a considerar explicitamente o risco de impactos negativos quando empresas não se comprometem com aspectos ambientais, sociais e de governança.

Estudos mostram que ações de empresas sustentáveis tendem a superar, de forma consistente, os resultados de pares com baixa sustentabilidade.

Desempenho de empresas sustentáveis: gráfico comparativo

Além disso, tal comportamento também permaneceu durante a pandemia da COVID-19.

Desempenho de ações durante a pandemia

Declarações de líderes e direcionadores

Dentre as manifestações do mercado financeiro, destaca-se a da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo. O CEO Larry Fink ressalta que empresas que não contribuem positivamente para a sociedade tendem a perder relevância.

Larry Fink, CEO da BlackRock

“Nossa convicção de investimento é que portfólios integrados à sustentabilidade e ao clima podem proporcionar melhores retornos ajustados ao risco aos investidores”.

“Acreditamos que o investimento sustentável é a base mais forte para as carteiras de clientes daqui para frente”.

Algumas iniciativas do fundo incluem:

  • Corte de empresas que derivam um quarto ou mais de suas receitas de carvão térmico de carteiras ativamente geridas;
  • Aumento dos ativos sustentáveis em 10 vezes, com projeção de US$ 90 bilhões para US$ 1 trilhão em uma década;
  • Adesão à iniciativa Climate Action 100+, grupo de 370 investidores que defendem propostas alinhadas ao Acordo de Paris.

Essa posição acompanha a tendência de organizações privadas exercerem papel relevante diante de problemas econômicos, sociais e ambientais. Por outro lado, cresce a expectativa de stakeholders para que lideranças contribuam de forma efetiva nessas frentes.

Afinal, dos 200 maiores PIBs do mundo, 153 são de empresas — o que representa um potencial significativo. Ao investir em sustentabilidade, organizações contribuem para a sociedade, o mercado, o governo e o terceiro setor.

Práticas importantes no ESG

Dentro do conjunto de práticas importantes do ESG estão três dimensões:

E – Environmental (ambiental): avalia o uso de recursos naturais, energia e descarte de forma sustentável e integrada aos processos produtivos.

S – Social: reafirma política de direitos humanos e redefine políticas de condições de trabalho, diversidade, saúde e segurança, desenvolvimento e promoção de colaboradores. Além disso, integra fornecedores e desenvolve comunidades locais.

G – Governance (governança): redefine composição e independência do conselho de administração, gestão de riscos, mecanismos de ética, transparência, anticorrupção e diversidade. Consequentemente, direciona a integração das práticas ESG da estratégia à operação para gerar valor sustentável e compartilhado.

Essas três esferas estão detalhadas abaixo:

Esfera Environmental (ambiente)

O indicador “E” analisa como a empresa atua em relação a problemas ambientais e à qualidade do negócio. Um exemplo é a redução das emissões de CO2 observada durante a pandemia e seu impacto na luta pela sustentabilidade. Assim, o foco voltou-se para dentro das empresas e para a exigência de práticas que reduzam emissões.

Outro exemplo é a adoção de áreas de florestas para conservação e o plantio de árvores nativas para compensar emissões. Além disso, esse indicador contempla ações como:

Gerenciamento de resíduos sólidos e líquidos: uma boa gestão previne a poluição do solo, das águas e do ar.

Redução do consumo de recursos naturais: programas ambientais e otimização de processos contribuem para esse objetivo.

Alterações em embalagens: reestruturar embalagens — com opções recicláveis e compostáveis — é essencial. Muitas vezes, o descarte ocorre de qualquer maneira; portanto, a empresa deve se preocupar com a forma de envio de seus produtos.

Leia também: Como o mapeamento de processos pode auxiliar as médias empresas na estruturação para o crescimento

Esfera Social

Os indicadores sociais são igualmente relevantes. O valor dado a direitos humanos — que inclui saúde e segurança dos funcionários, além da preocupação com clientes e comunidades — é fundamental e considerado.

Diversidade e inclusão figuram no centro dessa esfera. Oferecer oportunidades a grupos relevantes da sociedade, cuidar da saúde física e mental e promover treinamento, desenvolvimento e profissionalização são ações aplicáveis ao “S” do ESG.

Como impacto positivo, observa-se aumento de produtividade, engajamento e retenção, bem como maior atratividade de talentos e de inovação. Ademais, as estatísticas abaixo reforçam esse impacto na força de trabalho:

Indicadores sociais e impacto na força de trabalho

Quando se fala em comunidade, apoiar projetos que fomentem melhorias em educação, segurança, saúde e situação econômica gera maior engajamento com a organização. Além disso, potencializa força de trabalho, fornecedores e consumidores, reduz conflitos e amplia o impacto positivo na sociedade.

Segundo estudo publicado pela HBR em 2017, atrasos associados a conflitos sociais em grandes operações de mineração podem chegar a US$ 20 milhões por semana. De acordo com cálculos da Energy Transfer Partners, os danos de conflitos com comunidades indígenas em Dakota (EUA) somam mais de US$ 800 milhões, decorrentes de protestos contra o oleoduto da região.

Esfera Governance (governança)

A política empresarial também compõe as práticas de ESG. A elaboração de um sistema de compliance é exemplo de governança aplicada. Investidores valorizam essa estratégia, pois revela preocupação com saúde fiscal e financeira, além de práticas anticorrupção e antissuborno.

A gestão de riscos corporativos — incluindo aspectos operacionais, econômicos, sociais e ambientais — é outro pilar relevante. Do mesmo modo, investimentos em treinamento de lideranças, adoção de conselho com integrantes independentes e mecanismos que reforcem transparência e ética fortalecem a governança.

Pesquisa da Credit Suisse, publicada em 2020 na Forbes, evidencia que empresas com uma ou mais mulheres nos conselhos apresentam melhores níveis de inovação e resultados financeiros do que pares compostos apenas por homens.

ESG e o Mercado Financeiro

Captação e preferência de investidores

O ESG relaciona-se à preocupação de empresas e investidores com negócios sustentáveis e de impacto de longo prazo. Por isso, muitos grandes investidores já não injetam capital em empresas que ignoram essas práticas.

Demanda por investimentos sustentáveis

Alternativas de investimentos sustentáveis estão em alta. Um levantamento da área de tendências do Google mostrou que o interesse pelo conceito atingiu o nível mais alto em cinco anos. Globalmente, já se alcançou USD 30 trilhões em investimento sustentável — um aumento de 68% desde 2014 e dez vezes mais desde 2004. (Fonte: Global Sustainable Investment Review 2018, Global Sustainable Investment Alliance, 2018, gsi-alliance.org).

Também conhecidos como fundos verdes, esses veículos reúnem recursos de diversos investidores e direcionam capital a iniciativas sustentáveis. O objetivo costuma ser investir em ações de empresas com base nos critérios ESG.

Retorno e risco

Nos últimos anos, a ideia de que investimento sustentável não gera retorno desejado foi superada. Os fundos ESG têm apresentado boas possibilidades de retorno. Por ser renda variável, não há garantia de desempenho; entretanto, a evolução dos rendimentos tem sido relevante. Assim, a sustentabilidade pode ser um bom negócio, com potencial de lucro.

Por que as médias empresas precisam se preocupar com ESG?

Assim como grandes empresas precisam atender a requisitos de ESG para continuar crescendo e recebendo investimentos, com médias empresas não é diferente. Além de impactar positivamente a marca perante consumidores, colaboradores e talentos, tais práticas trazem ganhos indiretos. Investidores, bancos e a sociedade passam a direcionar mais atenção ao empreendimento.

Muitas instituições estão se reestruturando não apenas por vontade, mas por perda de fundos de investimento. A tendência é que o mercado financeiro no Brasil se modifique para atender à pauta ESG. Mesmo sem causar o mesmo impacto das grandes, as médias empresas fazem grande diferença, pois geram a renda de 70% dos brasileiros. Por isso, rever a estratégia para aplicar essas práticas é essencial.

Além disso, a nova geração de consumidores exige compromisso e soluções sustentáveis. Portanto, as médias empresas precisam demonstrar, no mínimo, preocupação concreta com sociedade e meio ambiente.

Desafios na implementação do ESG

Definição de temas materiais

Os desafios incluem avaliar propósito, riscos, padrões de sustentabilidade e de governança, requisitos de certificação, práticas atuais e percepções de stakeholders. A partir desse diagnóstico, definem-se os temas materiais.

Metas, métricas e iniciativas

Com os temas definidos, estabelecem-se métricas, metas e iniciativas que endereçam a ambição estratégica em ESG.

Da estratégia à operação

Alinhar metas e iniciativas do conselho à operação — conectando-as a práticas, comportamentos e ao modelo de relacionamento com stakeholders — é essencial. Assim, entrega-se o valor esperado e garante-se a perpetuidade das novas práticas e da cultura ESG.

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Lucas Vieira

Lucas Vieira

Analista de Conteúdo na Mid, especialista em SEO e em transformar ideias complexas em narrativas que geram impacto real. Atua há mais de 6 anos na interseção entre criatividade, estratégia e performance, criando conteúdos que ajudam líderes e empresas a crescer com clareza e propósito.

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