O que o médio empresário pode esperar de 2024

Retrospectiva econômica de 2023
Selic e inflação
Às vésperas do fim do ano, já é possível construir uma retrospectiva econômica de 2023. Nos primeiros 12 meses do país sob a gestão Lula III, os brasileiros assistiram a uma queda de braço entre o Palácio do Planalto e o Banco Central. De um lado, o governo pressionou por juros menores; de outro, o BC manteve o foco no controle da inflação. A Selic, hoje em 11,75%, segue trajetória de queda e, segundo o Boletim Focus de 11 de dezembro, deve recuar a 9,25% ao fim de 2024.
PIB e desaceleração
O horizonte dos juros parece mais animador; contudo, não gera euforia no mercado em relação a outros indicadores. O PIB deve fechar 2023 com crescimento de 2,92% (Focus), ligeiramente abaixo dos 3,2% acumulados até setembro (IBGE). Além disso, no terceiro trimestre, o avanço foi de apenas 0,1% ante o trimestre anterior, após altas de 1,4% e 1% nos períodos anteriores — sinal claro de desaceleração.
Projeções para 2024
Para 2024, o PIB esperado é de 1,51%, aproximadamente a metade da performance de 2023. Os vetores de menor crescimento tendem a ser o agronegócio, o setor de serviços, o consumo das famílias e as dificuldades na indústria. Na avaliação do diretor da Mid Falconi, Rafael Silveira, 2024 será um ano de ajustes: “Podemos comparar os próximos 12 meses a um pouso suave. Tivemos em 2023 um crescimento acima do nosso PIB potencial. Agora, vamos entrar em uma fase de expansão mais moderada, abaixo da nossa capacidade produtiva.”
Ano de riscos, mas de oportunidades aos gestores atentos
Oportunidades com cautela
A avaliação de Silveira se alinha à projeção do economista-chefe da XP, Caio Megale. Durante evento da Mid Falconi, ele destacou que existem oportunidades a serem catalisadas em 2024; porém, o ambiente ainda exige planejamento e cautela. “Não estamos falando de um cenário recessivo, mas é preciso atenção aos riscos.” Segundo ele, o Brasil tem fortalezas relevantes, como o fluxo de exportações, a agenda de energia verde e novos investimentos.
Alerta de prudência
Com visão mais comedida, o economista e professor do Insper, Otto Nogami, recomendou manter o “compasso de espera”. Diante de um nível de atividade menor, as empresas devem vigiar despesas e formar reservas. Assim, evitam decisões precipitadas e preservam liquidez.
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Riscos externos e crédito
O conselho de Nogami decorre da tendência de alta nos preços de bens intermediários, influenciada pelo câmbio e pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hamas. Portanto, quem depende de insumos importados pode ver o capital de giro pressionado e a capacidade de produção reduzida. Além disso, com inadimplência elevada, o crédito de terceiros tende a ficar mais restrito.
Planejamento realista
Postas as variáveis mais relevantes, cabem reflexões práticas. “Ao pensar 2024, o médio empresário deve considerar que não terá uma economia exuberante, mas também sem grandes desafios”, pondera Silveira. “Logo, estratégia e metas precisam ser condizentes com o cenário. Se não teremos grandes oportunidades, não podemos criar altas expectativas. Afinal, milagres não existem.”
Se o sobrenatural não ajuda, a lição de casa resolve. “Eu acredito em escolher prioridades”, afirma a diretora da Mid, Marina Borges. “É preciso focar no que é, de fato, importante para o negócio. Esperar o ‘momento certo’ no Brasil pode levar tempo.”
O foco do médio empresário em 2024 deve estar na gestão
Uma coisa é fato: gestores não controlam eventos macroeconômicos. De dentro ou de fora do país, as empresas sofrem os efeitos de política, economia e tendências de consumo. Então, o que resta aos executivos? Gestão — com método, disciplina e execução.
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Eficiência interna e execução
“O médio empresário, suscetível às oscilações do mercado, deve trabalhar pela maturidade dos seus processos”, afirma Silveira. Marina reforça: “Em cenário desafiador, precisamos olhar para dentro e extrair máxima eficiência dos processos internos. Onde há mais gestão, os melhores resultados aparecem.”
Esse exercício começa na liderança. “Saber dizer ‘não’ evita perder foco”, diz Marina. “Por isso, 2024 é o ano de dizer ‘não’ e executar o prioritário com excelência, sem distrações.”
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