Como a falta de governança impede sua média empresa de crescer (E o que fazer?)

A falta de governança é uma das principais barreiras que impedem médias empresas de alcançar crescimento sustentável. Embora essas empresas exerçam um papel relevante na geração de empregos e no fortalecimento da economia local, muitas enfrentam sérias dificuldades para evoluir sua gestão. Como resultado, seus líderes permanecem presos à operação do dia a dia, deixando de lado decisões estratégicas essenciais.
Geralmente, essa limitação tem uma causa estrutural: a ausência de uma governança bem definida. Consequentemente, decisões se concentram em poucas pessoas, as equipes não se desenvolvem, e a empresa patina, mesmo tendo potencial para crescer.
Neste artigo, vamos explorar por que a governança é um divisor de águas para médias empresas. Além disso, mostraremos os impactos da sua ausência e, mais importante, o que pode ser feito para virar esse jogo de forma prática e estruturada.
Como a falta de governança impede o crescimento das médias empresas?
Médias empresas enfrentam uma realidade complexa e muitas vezes subestimada. Segundo a classificação do BNDES, esse grupo inclui negócios com receita bruta entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões por ano. Ou seja, dentro da mesma categoria, há uma enorme diversidade de maturidade, estrutura e capacidade de gestão. Apesar disso, um problema recorrente se destaca: a ausência de uma governança estruturada.
De modo geral, empresas desse porte ainda operam sob forte centralização de poder, especialmente nas mãos dos fundadores ou sócios. Como consequência, a liderança fica sobrecarregada com atividades operacionais, o que reduz drasticamente o tempo dedicado à estratégia e à evolução do negócio. Além disso, a falta de clareza sobre funções e responsabilidades impede o desenvolvimento de lideranças intermediárias, travando o amadurecimento do time.
Em resumo, sem governança, não há delegação efetiva, nem autonomia real, dois elementos indispensáveis para o crescimento sustentável.
Como saber se sua empresa precisa organizar a governança?
A ausência de governança nem sempre é facilmente identificada. Por isso, muitas médias empresas só percebem o problema quando já estão enfrentando gargalos operacionais, falhas de comunicação ou dificuldade em atingir metas. Entre os sinais mais comuns, destaca-se a centralização de decisões no dono, a falta de clareza estratégica e a baixa autonomia dos gestores.
Outro sintoma relevante é a inexistência de metas bem definidas ou indicadores de desempenho operacionais e gerenciais. Sem isso, torna-se impossível mensurar resultados com precisão e, portanto, identificar oportunidades reais de melhoria.
Além disso, quando não há processos estruturados, as empresas ficam vulneráveis à ineficiência e à desorganização. Consequentemente, perdem competitividade e veem seus resultados estagnarem, mesmo com um bom produto ou serviço.
Como implementar metas, indicadores e governança, na prática?
A implementação de indicadores de desempenho (KPIs) e metas é fundamental para que a governança deixe de ser apenas um ideal e se torne instrumento de gestão diária. Para isso, é essencial entender o que são KPIs e quais métricas realmente fazem a diferença no mundo corporativo.
Antes de mais nada, KPIs são valores mensuráveis utilizados para avaliar o desempenho operacional e estratégico de uma empresa. Segundo o portal Governancepedia, métricas e KPIs devem estar alinhados aos objetivos estratégicos da organização.
Além disso, conforme a MIT Sloan Management Review, uma governança eficaz garante que os KPIs evoluam com os objetivos estratégicos e sejam confiáveis tanto pelos líderes quanto pelos colaboradores.
Passo 1: Estabelecer metas alinhadas à estratégia
- Primeiramente, identifique os principais objetivos estratégicos da empresa, por exemplo, aumento de faturamento, expansão geográfica ou retenção de clientes.
- Em seguida, desdobre esses objetivos em metas claras e específicas, como aumentar a taxa de retenção em 15% até o final do ano.
- Dessa forma, todo o time entende para onde está indo e com que critério será avaliado.
Passo 2: Escolher os KPIs certos
- Escolha KPIs que reflitam não só o desempenho operacional, mas também a efetividade da governança (indicadores de compliance, rotinas de reunião, qualidade de reporte, etc.).
- De acordo com Governancepedia, métricas relevantes podem incluir:
- Percentual de políticas revisadas anualmente
- Frequência de auditorias internas ou externas
- Índices de cumprimento de metas trimestrais por área
Em outras palavras, use indicadores que conectem ações de gestão com resultados palpáveis, e não apenas burocracia.
Passo 3: Monitorar, reportar e ajustar
- Posteriormente, estabeleça uma rotina de monitoramento desses KPIs — semanal ou mensalmente.
- Elabore relatórios com clareza, de forma que possuam um alvo, um comparativo com o período anterior e um indicador de tendência.
- Logo, promova reuniões periódicas (como comitês de gestão ou conselho consultivo) para revisar e retratar os indicadores.
- A Governancepedia recomenda definir métricas, estabelecer baseline e ajustar ao longo do tempo, como parte do ciclo de monitoramento e governança.
Passo 4: Garantir engajamento e governança contínua
- Acima de tudo, a liderança precisa estar comprometida. Sem compromisso da alta direção, os KPIs perdem relevância e confiança.
- Além disso, envolva o time na definição dos indicadores, isso gera responsabilidade e sentido de participação.
- Finalmente, revise os indicadores regularmente, realinhando-os com as mudanças de ambiente, estratégia ou estrutura da empresa, um princípio vital de governança adaptativa.
É possível transformar a cultura de gestão de uma média empresa?
Sim, mas exige tempo, consistência e um ponto de partida bem definido. A transformação cultural é o alicerce da governança duradoura. De modo geral, médias empresas ainda operam com forte influência do fundador, o que torna a cultura organizacional mais informal e centralizada. Entretanto, para que haja delegação, responsabilidade e clareza estratégica, é necessário construir um novo modelo mental coletivo.
Segundo especialistas da Mid, a profissionalização da gestão começa quando a liderança aceita que não poderá mais controlar tudo. Acima de tudo, é preciso confiar na equipe e criar um ambiente de responsabilização e aprendizado. Isso envolve treinamento, rituais de gestão e metas bem desdobradas, tudo sustentado por indicadores confiáveis.
Contudo, essa mudança não ocorre do dia para a noite. Como destaca Marina Borges, vice-presidente da Mid, “A gente não transforma a cultura em um ano. Mas dar o pontapé inicial já é uma iniciativa revolucionária rumo a concretizações permanentes”.
Ou seja, o primeiro passo não é implantar um sistema complexo de governança, mas iniciar uma jornada estruturada. E, para isso, contar com apoio especializado pode fazer toda a diferença.
Por onde começar a estruturar a governança da sua empresa?
O caminho mais eficaz é começar com um diagnóstico profundo. Consultorias como a Mid oferecem metodologias específicas para médias empresas, com foco em realidade prática, uso de dados e aceleração de resultados.
Esse diagnóstico permite identificar os pontos críticos da gestão atual, entender o grau de maturidade organizacional e definir metas realistas de curto, médio e longo prazo. A partir disso, é possível:
- Estabelecer rituais de gestão consistentes;
- Delegar com critérios claros;
- Acompanhar indicadores com regularidade;
- Profissionalizar a cultura sem perder a essência da empresa.
Em resumo, a estruturação da governança começa com um olhar honesto sobre a situação atual e o desejo real de evoluir, não apenas crescer.
Conclusão
A falta de governança é uma das maiores barreiras para o crescimento sustentável das médias empresas. No entanto, esse obstáculo pode ser superado com método, disciplina e o apoio certo.
Ao estruturar metas, indicadores e rituais de gestão, sua empresa ganha clareza estratégica, alivia a sobrecarga da liderança e se prepara para dar passos consistentes rumo a um futuro mais sólido. A jornada pode ser desafiadora, mas o retorno, em eficiência, autonomia e resultado, é transformador.
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